Um brinde ao pensamento científico

Hoje pela manhã, vi no meu facebook alguém recomendando o seguinte link do site da revista Veja: Neutrino ‘mais veloz que a luz’ põe físicos em suspense. Li o artigo, que fala sobre uma descoberta que, se confirmada, pode revolucionar a física, e achei interessante um detalhe no texto que me fez querer comentar aqui. Mas, primeiramente, farei um pequeno resumo sobre o que trata o artigo.
Não sou um grande conhecedor de física moderna, mas sei que, quando Albert Einstein desenvolveu a Teoria da Relatividade, no início do século XX, uma das descobertas que ele fez foi que nenhum corpo que possui massa pode adquirir uma velocidade maior que a da luz, o que acabou de ser contestado por uma medição feita no detector de partículas OPERA, do CERN, que é o maior laboratório de física de partículas do mundo. Neste outro artigo do mesmo site, é dito que:
Durante três anos o grupo registrou cerca de 16.000 neutrinos que viajaram do CERN e deixaram um registro no OPERA. Os cientistas descobriram que as partículas percorriam os 730 quilômetros em 2,43 milissegundos, 60 nanossegundos mais rápido do que o esperado se estivessem viajando na velocidade da luz. A diferença está significativamente acima da margem de erro, que, de acordo com os especialistas do OPERA, é de 10 nanossegundos.
Se confirmado, esse dado revolucionará a física, tornando necessário mudar tudo o que foi aceito anteriormente como verdade (ou provável verdade) aceitando essa limitação de velocidade, o que me leva ao ponto que eu queria realmente comentar.
Algumas das coisas mais admiráveis que acho na ciência estão acontecendo agora com essa descoberta. Primeiro, os cientistas demoraram 3 anos estudando e analisando as medições feitas até terem certeza de que estavam diante de algo novo, possivelmente revolucionário e pronto para ser divulgado. Segundo, por mais que tenham avaliado e procurado erros nos cálculos, ainda assim os estudos estão abertos a contestação. Não sei se o mais correto é chamar de “humildade”, mas todo pensamento científico puro é por princípio contestável, nunca se assume como verdade absoluta, é avesso a crenças sem fundamentos e focado na realidade, nos fatos e em teorias que podem ser provadas experimentalmente (se possível) ou fundamentando-se em cálculos e hipóteses plausíveis, tudo baseado na razão. Diferente da fé, aceita o que é inexplicável como algo a ser estudado e compreendido no futuro, e não cria histórias para aceitar passivamente o que não se entende.
Talvez essa descoberta do CERN seja desmentida e tudo não tenha passado de erros de medições, mas isso faz parte do modo como o conhecimento científico é adquirido, através de tentativas, erros, correções, alterações, aprimoramentos, etc. Tudo com muito estudo e esforço, pois essa é a única forma, ao meu ver, que o ser humano pode a cada dia se tornar um pouco menos ignorante e um pouco mais estupefato e admirado com a imensidão de conhecimento que ainda falta ter sobre o universo que o cerca.

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